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Transporte de Produtos Perigosos e os riscos que transitam pelas rodovias


Publicado em 31 Julho de 2022

Substâncias perigosas de diversas origens e tipologias são transportadas diariamente pelas estradas brasileiras. Entre os milhares de veículos que atravessam as rodovias do país estão os que conduzem cargas perigosas e quase sempre passam despercebidos até chegarem em segurança aos seus destinos.

Quando ocorrem acidentes, contudo, as atenções se voltam para os perigos causados pelo derramamento inesperado de substâncias tóxicas. A partir desses acontecimentos, retoma-se o debate acerca da importância dos cuidados necessários ao transporte correto desses produtos, independente da sua quantidade e da extensão da viagem. 

Recentemente, um acidente envolvendo uma carreta que carregava Peróxido de Hidrogênio (conhecido como água oxigenada), no Sul do estado do Espírito Santo, trouxe à tona essa discussão.

O transporte rodoviário de produtos perigosos requer uma série de autorizações legais, incluindo o Licenciamento Ambiental, pois precisa garantir que o transportador possui as condições operacionais mínimas para o transporte seguro desses químicos.

Os veículos utilizados devem ser inspecionados periodicamente e possuir um conjunto de equipamentos para situações de emergência adequado ao produto transportado, além de um Plano de Ação de Emergência, que prevê as ações mais adequadas nesses casos.

Além disso, todos os veículos precisam conter placas sinalizadoras das informações dos produtos que estão carregando. São aquelas placas triangulares que vemos fixadas nos caminhões. Nelas devem estar impressas o número ONU da substância, os tipos de riscos envolvidos – representados por números –, e os pictogramas dos riscos.

Toda essa sinalização é essencial para uma correta ação das equipes de respostas em um acidente. Substâncias inflamáveis necessitam de ações diferentes de produtos tóxicos.

O citado acidente, por exemplo, exigiu o isolamento da área num perímetro de 800 metros, pois os Bombeiros visualizaram um risco de explosão. Apesar de o Peróxido de Hidrogênio não possuir isoladamente essa característica, ela pode contribuir para uma escalada explosiva de um incêndio. Além disso, o produto é corrosivo e tóxico, especialmente danoso aos organismos aquáticos, e podem causar queimaduras e danos oculares graves aos seres humanos.

Por esses riscos, todos os cuidados devem ser tomados pelas empresas que realizam o transporte. Elas, claro, precisam atender a requisitos comuns a demais transportes, como manutenção periódica dos veículos, jornadas de trabalho dos motoristas compatíveis com a legislação, exames toxicológicos periódicos.

As empresas ainda são corresponsáveis pela carga que transportam, mesmo não sendo a proprietária da mesma. Por isso, devem providenciar os recursos necessários à limpeza das substâncias que eventualmente forem derramados num acidente, sob pena de serem multadas pelos órgãos ambientais.

Os prejuízos são extensos e geralmente vão muito além das perdas financeiras que, em boa parte das vezes, podem ser recuperadas com o tempo. Já os danos causados por produtos químicos podem trazer consequências catastróficas a vidas humanas e ao meio ambiente.

Um transporte que atenda a todos os requisitos de segurança não é mero cumprimento de protocolo, mas uma medida de responsabilidade que fará a diferença entre a segurança e a tragédia.

André Rocha é Engenheiro Ambiental e Especialista em Gestão de Riscos

Originalmente publicado em 05 de maio de 2021 pelo Jornal A Tribuna e portal Tribunaonline e no Linkedin.


Fonte: A Tribuna

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